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Com leilão do Aeroporto de Guarulhos cidade vai precisar mudar, avalia AGENDE

Diário de Guarulhos
Luiz Roiz
Da Redação


O leilão de concessão do aeroporto de Guarulhos, em Cumbica, realizado segunda-feira, resolveu o impasse que perdurava dez anos na instalação, cortando o “nó górdio” que impedia a ampliação e modernização do mais movimentado aeroporto brasileiro. Essa é a visão otimista do coordenador técnico da Agende (Agência de Desenvolvimento Econômico e Inovação de Guarulhos), Marcelo Chueiri, um dos maiores especialistas brasileiros em transporte aéreo. “Foi uma disputa limpa que comprovou a importância do aeroporto de Cumbica no cenário nacional e também os atrativos econômicos que justificaram o investimento de R$ 16 bilhões feito pelo consórcio vencedor”, avaliou o técnico em entrevista exclusiva ao DG. O Invepar-ACSA arrematou Cumbica com um lance inicial único e deverá começar a administrar o aeroporto no final de março em parceria com a Infraero, estatal encarregada de sua gestão desde a inauguração, em 1985, e agora com 49% do controle.

Diário de Guarulhos – Quais suas análises preliminares sobre o leilão do aeroporto de Cumbica?
Marcelo Chueiri – Contrariando opiniões iniciais, vejo o leilão como um processo legítimo, sem manipulação. Basta observar que três dos maiores lances pela concessão de Cumbica superaram os R$ 12 bilhões e outros sete ficaram acima de R$ 8 bilhões. O naipe de empresas integrantes dos consórcios também demonstra que ninguém estava lá para brincar. Além disso, caiu por terra a análise publicada em parte da mídia que apontava Viracopos como jóia da coroa. Basta comparar os lances. Diante do crescimento do transporte aéreo no Brasil, cerca de 20% ao ano, em decorrência da mudança no perfil das empresas aéreas e ascensão socioeconômica de camadas importantes da população, aponto o leilão como a espada que cortou o nó górdio de Cumbica e da infraestrutura aeroportuária no País.

DG – Parte do setor financeiro está reticente em relação ao retorno do investimento. Compartilha esse temor?
MC – As análises puramente financeiras devem ser vistas com reservas. O que esses analistas de mercado entendem de aviação? Faço um paralelo com o leilão do Banespa. O Santander chegou a pagar sete vezes o valor mínimo, mas acabou se dando bem e fincando uma base sólida no País. O setor aéreo no Brasil cresce quatro vezes mais que a economia. Guarulhos é e continuará sendo, pelo menos até o final da década, o mais movimentado aeroporto do Brasil. Aposto que a distância entre Viracopos e a Região Metropolitana de São Paulo continuará sendo um impeditivo a sua expansão. Mesmo se for construída uma linha férrea de alta velocidade facilitando o acesso ao aeroporto campineiro.

DG – O que deve ocorrer daqui em diante em Cumbica?
MC – Existe toda uma série de investimentos prevista dentro de uma programação. O mais urgente é o Terminal 5, com capacidade para 20 milhões de passageiros/ano. Acho que o plano da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que prevê a construção de apenas 40% desse terminal até a Copa do Mundo, terá de ser revisto. As estimativas da Agende indicam que na época do evento esportivo Guarulhos terá uma demanda de 45 milhões de passageiros/ano. Esse número fica muito acima da capacidade atual, mesmo se considerarmos a entrada em funcionamento do Terminal 4, uma instalação adaptada que estreou na quarta-feira.

DG – Como a Agende enxerga as perspectivas da cidade de Guarulhos diante da concessão?
MC – São francamente positivas. Vejo que teremos um impacto imediato na geração de empregos e movimentação da cadeia produtiva. Claro que dependeremos de fatores logísticos e de mobilidade para que os resultados possam ser potencializados. Mas acho que o leilão em si fará com que os poderes públicos, governos federal, Estado e Prefeitura, agilizem seus investimentos nos acessos ao aeroporto guarulhense. Cito principalmente o Trecho Norte do Rodoanel, a avenida José Alencar (prolongamento da Jacu-Pêssego) e o Trem de Guarulhos. A cidade terá obrigatoriamente de reprogramar seu planejamento urbanístico, especialmente no entorno de Cumbica.

DG – O que a agência de desenvolvimento espera do consórcio vencedor?
MC – Geralmente as instalações de infraestrutura formam enclaves nas áreas onde são erguidas. Foi assim até agora com o aeroporto de Guarulhos. Esperamos que a visão da Invepar seja diferente, mais moderna. Tivemos a Infraero como parceira da Agende durante anos, mas a estatal acabou se distanciando. Nos oferecemos agora como interlocutores para concretizar um diálogo e maior aproximação entre município e aeroporto. Ambos terão muito a ganhar.



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