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Setor farmacêutico cria amplo mercado de inovações

Fonte: Natália Calandrini para Notícias Protec - 10/02/2011

As oportunidades na indústria farmacêutica vão muito além da inovação em produtos farmoquímicos e medicamentos. A constatação é de Henry Suzuki, diretor-geral da Axonal Consultoria Tecnológica. Foi assim que o especialista abriu sua palestra no Seminário de Inovação Farmacêutica, na semana passada, em São Paulo. "A maioria das grandes multinacionais não fazem toda a pesquisa internamente. Elas usam CROs (Organizações Representativas de Pesquisa Clínica), criadores de animais para estudos pré-clínicos e outros. É um grande mercado mundial. Uma desenvolvedora de fármacos atualmente se parece mais com uma indústria automobilística", aponta Suzuki, que voltará a apresentar o tema em novas edições do Seminário - no qual está entre os organizadores -, em Recife (14 e 15 de fevereiro) e Goiânia (28 e 29 de março).

No Seminário - promovido pela Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (PROTEC), o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos e Produtos Farmacêuticos (IPD-Farma), o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Inovação Farmacêutica (INCT-IF) e a Axonal -, Suzuki afirmou que a visão hoje sobre o setor ainda é do mercado de prateleira, inclusive nos editais de apoio à inovação.

Porém, o longo e custoso percurso do desenvolvimento de um produto na área abre espaço para empresas especializadas na própria atividade de inovar. Da descoberta à aprovação, um produto farmacêutico pode levar de 12 a 15 anos para chegar às vendas, exigindo um investimento médio de US$ 800 milhões. Suzuki menciona que a FDA (agência americana para controle de alimentos e medicamentos) aprova apenas 30% dos produtos desenvolvidos nos EUA e nem todos eles têm sucesso no mercado. Nesse sentido, prestar serviços em pesquisa e desenvolvimento (P&D) pode ser uma opção bem vantajosa economicamente.

Foi o que mostrou o caso da americana Millenium, que triplicou seus ganhos sem colocar um produto no mercado. Seu crescimento se baseou inteiramente no fornecimento de informações e análises sobre compostos biológicos e no licenciamento de suas tecnologias para realizar tais atividades. Muitas empresas no Brasil também podem aproveitar o momento de demanda. Segundo Suzuki, grandes grupos multinacionais estão prospectando tecnologias no País. "Há quatro ou cinco anos, eles queriam investir aqui somente em estudos de fase II. Agora, querem até na fase de descoberta", garante.

No entanto, um alerta: quem quiser entrar nesse mercado de inovações, precisa ter tecnologia protegida adequadamente, pois nenhuma companhia pagará por um produto de patente fraca.

Colocando em prática

A geração e a apropriação de inovações com foco no mercado exigem o cumprimento de uma série de etapas. A começar pela verificação de demandas declaradas e implícitas para a definição do produto ou tecnologia que será alvo de melhoramentos. Posteriormente, vem o estudo das atividades de P&D e de patenteamento anteriores, além do mapeamento do estado da técnica. As orientações de Suzuki são: não reinvente a roda; resolva um problema que tenha demanda no mercado; e elabore uma estratégia de proteção e comercialização.

Outra recomendação valiosa: quanto mais cedo a empresa prestadora de serviço conseguir realizar a transferência de tecnologia para um cliente, mais vantajoso será o retorno em royalties, por conseguir garantir os ganhos ainda nas etapas iniciais do desenvolvimento - evitando riscos adicionais que encontraria no restante do caminho.

Valoração de tecnologias

O Seminário de Inovação Farmacêutica - que tem apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) - abordou ainda as metodologias existentes para atribuição de valor à tecnologia, uma tarefa complexa e que ainda suscita muitas dúvidas. As opções existentes são várias: fluxo de caixa descontado, análise de alternativas econômicas, avaliação das opções reais (semelhante às opções do mercado financeiro), valores investidos e outras. A mais usada é a análise de transações comparáveis, em que se estudam experiências anteriores semelhantes.

Há fatores que influenciam no valor final da tecnologia, como o reconhecimento que tem no mercado o profissional que assina a valoração, conferindo também credibilidade, e se ela é feita por um analista certificado. O que se deve ter em mente, de acordo com Suzuki, é que a tecnologia vale o quanto ela oferecerá de retorno no futuro. A dica não torna a tarefa mais fácil, pois certo mesmo é que não há receita de bolo. Ainda assim, o especialista dá o toque final: "Recomendo modelos de negociação flexíveis, já que o grau de incerteza no desenvolvimento é muito grande".

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