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Indústria, necessidade de pensar estrategicamente


“A ideia de não ter política industrial é tão estável como um prego fincado na areia”

 

O estudo da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria de Plásticos), oportunamente comentada pelo professor Amir Khair, motiva-nos a avaliar alguns aspectos sobre políticas industriais. O primeiro deles refere-se às condições privilegiadas que temos como solo rico e produtivo, clima favorável e abundância de energia (água e sol). Essas características permitem manter uma situação confortável em termos de competitividade explorando as mais básicas das atividades: exploração das riquezas e oferta de alimentos, as chamadas commodities (produtos sem diferenciação).
Todavia, essas atividades são limitadas na perspectiva de geração e distribuição de riquezas, visto que movimentam elos primários de produção. O ideal é a utilização desses recursos para movimentar outros elos da cadeia produtiva, inserindo a força da indústria na geração de riquezas e empregos.
O Brasil historicamente baseia a sua pauta de exportações em commodities, não aproveitando as vantagens estruturais para comandar elos adiante (a jusante) da cadeia produtiva de determinados segmentos. Para piorar, utiliza-se de um mecanismo de equalização de preços, em que os do mercado doméstico são semelhantes aos internacionais, sem vantagens para o produtor nacional.
O caso emblemático está na Mineração, com a empresa Vale, na qual se exportam grandes quantidades de minérios de ferro (com os danos ambientais pertinentes a atividade) e utiliza-se a referência do preço internacional no mercado interno, sem nenhuma vantagem para a Indústria Nacional. Ainda assim, os resultados da Vale são positivos, pois a questão é que se estruturalmente estamos beneficiando o País, visto que depois importamos aços para a nossa Indústria.
Reitero comentário que publiquei nesse canal há meses: a oferta de minério de ferro é limitada e deve servir como vantagem competitiva para outros elos da indústria, no caso a siderúrgica. A possível substituição do comando da empresa Vale indica que a atual presidente compartilha de uma visão semelhante à destacada por nós.
No caso das Commodities, uma decisão a ser defendida é tributar as exportações e com base nesses recursos privilegiar elos adiantados da cadeia produtiva, envolvendo o setor industrial. O repertório de incentivos pode assumir formatos de redução de carga tributária e recursos para programas de Pesquisa e Desenvolvimento.
Na essência, o pensamento estratégico do governo no desenvolvimento de Políticas Industriais deve ser determinado pelo resultado global e não pontual. A ideia liberal de que a melhor política industrial é não ter política industrial, é tão estável como um prego fincado na areia.



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